sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Um Amor Além da Vida"

A dor de perder alguém que se ama de verdade, não passa.
Os anos seguem, a vida continua, mas aquele vazio que a pessoa deixa, nunca é preenchido novamente.
Amanhã faz 03 anos que dentro de mim há um vazio enoooorme, mas tãoo grande, que posso afirmar com toda certeza, que não há no mundo uma dor maior. Igual, sim... talvez... mas não maior.
É uma dor que não tem cura, que não melhora., que o tempo não apaga... vc apenas aprende a conviver com ela. E eu vou aprendendo a cada dia.
Eu tive sorte de ter na minha vida, durante 21 anos, a pessoa mais adorável que já existiu... o meu avô Carlos. O homem mais honesto, mas sincero, mais íntegro, mais solidário, mais prestativo, carinhoso, atencioso e mais apaixonado por mim. Aquele que me enchia de orgulho, que foi um exemplo pra mim do que é ser uma pessoa “de bem”. Era ele quem realizava todos os meus sonhos, adivinhava meus desejos, morria de ciúmes de mim, me enchia de amor, carinho, mimos, cuidados, etc etc etc... ele me deu o amor mais puro, mais forte, mais incondicional e intenso que alguém nessa vida já possa ter recebido.
Num primeiro momento, quando Deus decidiu tirar ele de mim, ou melhor, de nós, a sensação que tive foi de alívio. Sim. Alívio porque ele estava doente, não tinha cura e eu não agüentava vê-lo sofrer. Alívio porque era inadmissível pra mim ver uma pessoa que amava tanto na situação em que estava. Alívio porque ele não merecia passar por aquilo. E sabia que naquele momento não podia ser egoísta e pensar o que seria de mim sem ele... mas sim, o que seria dele dali em diante. E ele era uma pessoa tão iluminada que Deus poupou-o de maiores sofrimentos, e o levou antes que pudesse sofrer ainda mais.
O dia da despedida pra mim foi traumático. De longe, o pior dia da minha vida. Nunca imaginei sentir tanta tristeza, tanta dor, tanto desespero de uma vez só. Achei realmente que não fosse agüentar. Mas no outro dia, por mais incrível que pareça, acordei tranqüila, aceitei, me conformei, sentia-me aliviada por ele ter enfim descansado, por estar bem, sem dor, e com certeza, num lugar muito melhor que o nosso.
No final da mesma semana, (uns 5 dias dps) foi o 1º ano de um dos meus irmãos, o caçula (por parte somente de pai), e a festinha que teria pra ele, foi mantida, então eu fui... me distraí e até me diverti um pouco. Acredito que muitas pessoas não devem ter entendido minha reação... “como ela poderia estar tão bem??” Todos que me conhecem sabem da ligação que tinha e ainda tenho com meu avô.
Sinceramente, não sei responder o que aconteceu, e até hoje não entendo como eu podia estar tão bem. Mas dentro de mim, eu realmente sentia uma certa paz. De verdade, sentia. O discurso que repetia todos os dias pra dar força a minha avó e a minha mãe começou a se tornar real pra mim, e naquele momento aquilo me confortava também.
Havia sonhado com ele todas as noites, e sempre era um sonho que me transmitia paz, me passava a sensação de tranqüilidade e de que aconteceu o que era melhor pra ele e pronto. Eu tinha que aceitar.
Porém, foi um alívio apenas momentâneo, foi uma tranqüilidade irreal, uma aceitação passageira. Acredito que talvez aquele momento de “racionalidade” foi apenas um “ainda não caiu a ficha”, e quando caiu, foi de vez. E foi foda (me perdoem a palavra).
Passei meses chorando todas as noites, também durante o dia... e, com certeza, se eu não tivesse tido uma pessoa do meu lado naquele momento (Diego), não sei o que seria de mim. Não podia desabafar com minha mãe, ou meu irmão, nem muito menos minha avó, porque eles estavam sentindo a mesma dor que eu. Estava longe dos meus amigos (morava na época em Maceió), então sobrou realmente tudo pra Diego. Foi ele quem me ajudou em tudo. Me deu forças, me levantou, foi paciente comigo, segurou mesmo minha barra... e serei ETERNAMENTE grata a ele pelo bem que me fez.
Eu continuava sonhando com meu avô todas as noites, mas, apesar de ser um sonho bom (em sua maioria), onde eu via que ele estava bem, feliz, eu acordava com um nó na garganta tão grande que a única coisa que dava vontade de fazer, era chorar. A essa altura, não existia mais a tal racionalidade. Nenhuma. Eu queria saber o porquê disso ter acontecido, não achava justo ele não estar mais comigo, não me ver formando na faculdade, não me ver casando, não conhecer meus filhos. Simplesmente não era (e pra mim ainda não é) justo.
Hoje, ainda sonho com ele, não todos os dias, mas toda semana pelo menos. Já consigo viver com esse vazio, e não é sempre que as lágrimas conseguem me vencer e tomar conta de mim.
Porém, hoje, eu perdi... não tive forças para controlá-las e acho que na verdade, nem quis ter. Simplesmente acordei do meu cochilo agora à tarde, e tive um sonho com ele tão real, e a falta que senti foi tão grande que mesmo que quisesse, não conseguiria conter. As lágrimas foram rolando, rolando, rolando e por mais de uma hora foi assim... Agora consegui respirar e decidi que precisava colocar pra fora o que eu estava sentindo... e conforme fui escrevendo, mais lágrimas foram aparecendo e tive que parar e me recompor para continuar....
Agora me sinto mais leve... ainda triste e chorosa, mas ao menos tirei a angústia que tava dentro de mim.
Em alguns momentos, é uma dor tão insuportável que penso que meu coração vai explodir. É uma angústia, um aperto... uma saudade que não tem explicação. Não tem como descrever em palavras, apenas se sente.
E eu sinto. Sinto falta dele todo o tempo, penso nele em vários momentos do meu dia, e às vezes é impossível não ficar triste. Queria ele aqui, perto, comigo, do meu lado, dividindo minhas alegrias, vibrando com minhas conquistas, dando-me colo quando preciso, ficando ranzinza quando não dava a atenção que ele queria, aconselhando-me, contando-me as piadas que ele adorava, chamando-me de "minha Cheirosa", alegrando o meu dia... ensinando-me a viver. Ele foi o melhor professor. Sem dúvidas.
Ao menos, antes de partir, ele deixou pra mim a coisa MAIS PRECIOSA da minha vida, dentro de tantas que ele deixou: minha mãe. Ela é o melhor presente dele e de minha avó para mim e tudo de bom que ele possa ter ensinado, ela absorveu e hoje ela está virando uma cópiazinha do Sr. Carlos Alberto e da Sra. Dona Iracy. Com suas diferenças, claro, mas iguais na essência. Tenho certeza que ele está muito orgulhoso do que ajudou a criar.
Ahhhhh como me faz falta... de tudo nele, tudo dele... seu cheiro, sua barba que arranhava meu rosto quando me beijava, do mal humor quando sentia ciúmes de mim, do cuidado em sempre me agradar de alguma forma, da presença constante na minha vida (em toooodos os momentos, sem exceção), das muitas histórias que me contou pra dormir, dos ensinamentos, do amor, do amor, do amor.
Ele era meu Xodó, e eu, sem dúvida, era o Xodó dele. Era visível para todos e não dava pra esconder. Nosso amor é algo transcendental, simplesmente inexplicável.
Só quem já teve um amor assim como o meu, pode entender o que estou falando.
No momento em que me despedi tive a certeza (e tenho até hoje) que minha vida nunca mais seria a mesma sem ele. Nunca mais mesmo. Por isso a escolha da minha tatuagem que diz exatamente isso: "Was the day I found won't be the same." E realmente não foi.
Se sou uma pessoa feliz? Sim, claaaro!! MUITO.
Tenho uma vida feliz? DEMAIS (e devo muito isso a ele, inclusive).
Mas é fato que ela não tem mais o mesmo brilho, o mesmo sabor, o mesmo som, o mesmo colorido, a mesma alegria, o mesmo amor.
A minha vida, aqui na terra, não tem mais o Sr. Carlos Alberto Fraga Navarro de Britto... Charles... Seu Jaime, nosso Jaiminho... MEU MINHO.
Mas tenho certeza que nosso reencontro é certo.


As saudades são eternas.
E o amor, mais ainda.



Trilha Sonora: "Amor igual ao teu eu nunca mais terei, amor que eu nunca vi igual, que eu nunca mais verei. Amor que não se pede, amor que não se mede, que não se repete..." (Cidade Negra)

4 comentários:

  1. Só posso, nesse exato momento, te dizer:
    a minha dor, a minha saudade, a sensação de desamparo, a minha orfandade paterna, a falta do meu chão e do meu teto, só não é maior porque tenho vocês na minha vida.
    Perdão pelas minhas fraquezas. Obrigada pela sua existência.
    Amo você e seus irmãos muito mais que a mim própria.
    Contudo, sem meu pai, sou metade do que já fui e, nunca mais serei inteira.
    Só a FÉ em Deus tem me fortalecido e me feito continuar caminhando.
    "Depois daquele dia, nada será como antes".

    ResponderExcluir
  2. Olá Fernanda!
    Posso entender seus sentimentos neste momento tão difícil. A perda de alguém querido deixa muitas marcas, porém, há uma grande esperança que gostaria de compártilhar com voçê. ´`E a palavra do própio DEUS por meio da bíblia:

    "...vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão, os que fizeram boas coisas, para uma ressurreição de vida, os que praticaram coisas ruins, para uma ressurreição de julgamento." (João 5:28-29)

    "E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram.” (Revelação 21:4)


    Um grande abraço,

    Renato

    ResponderExcluir
  3. Minha Buuu!!
    Eu acho muito lindo essa relação que vc tinha com seu avô. Lembro dele das vezes que fui em sua casa e ele era uma pessoa muito simpática e amável.
    Esse amor entre vcs dois é uma coisa especial, linda demais e imagino sua tristeza.
    Queria poder estar do seu lado.
    O texto tá muito lindo, muito lindo.
    Te amo muito amiga, muito!

    bj

    ResponderExcluir
  4. Nanda,parabéns pelo impecável texto onde vc enche seu avô de orgulho esteja ele onde estiver.Bjo de paz amiga!

    ResponderExcluir